Seguidores

sábado, 30 de janeiro de 2010

ANONIMO VENEZIANO

Cuore, cosa fai
che tutto solo te ne stai.
Il sole è alto e splende già
sulla città.

Al buio tu non guarirai,
non stare lì, dai retta a me.
Di là dai vetri forse c'è
una per te, per te.

Almeno guarda giù
e tra la gente che vedrai
c'è sempre una, una che
è come te.

Un viso anonimo che sà
l'ingratitudine cos'è,
e una parola troverà
anche per te, per te.

E allora te ne vai,
non hai perduto niente ancora.
A un'altra vita, un altro amore
non dare mai.

Il sole alto splende già
sul viso anonimo di chi
potrà rubarti un altro sì,
un altro sì.

Il mondo é lì.
È lì.
La ra la ra la ra
la ra la ra la ra....

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

MARC CHAGALL NO MASP


Todas as cores de Marc Chagall ocupam o Masp

Mostra traz 178 gravuras de séries completas como A Bíblia e ilustrações das fábulas de La Fontaine
Antonio Gonçalves Filho, de O Estado de S. Paulo
Tamanho do texto? A A A A
SÃO PAULO - 
Quando o artista russo Marc Chagall (1887-1985), considerado o maior pintor judeu do século 20, aceitou a encomenda do marchand francês Ambroise Vollard (1866-1939) para ilustrar a Bíblia na década de 1930, ainda não dominava totalmente a técnica da gravura. Seus detratores, entre eles o pintor Georges Rouault (1871-1958), aproveitaram para destilar o veneno acumulado nas rodinhas parisienses dos modernistas. Rouault, na época, comentou que Chagall teria razões de sobra para chorar diante do Muro das Lamentações. Não foi, obviamente, o que aconteceu. A série bíblica de Chagall, que Vollard não viu pronta (o marchand morreu antes), é, hoje, um dos pontos altos da carreira do artista, homenageado pelo Masp com uma exposição de 178 gravuras, O Mundo Mágico de Marc Chagall, que reúne, além dela, suas ilustrações para as fábulas de La Fontaine e uma série de litogravuras baseada no idílio pastoral de Dafne e Cloé.

Em linha direta, as três séries acompanham toda a evolução da linguagem artística de Chagall desde que o pintor desembarcou na França, em 1923, antes de passar pela Alemanha um ano antes e ter aulas com o artista alemão de origem judaica Hermann Struck (1876- 1944). Foi por influência de Struck, sionista que vislumbrou a criação de um Estado judeu, que Chagall visitou a Palestina em abril de 1931, em busca de inspiração para criar a série A Bíblia, encomendada por Vollard e exibida em versão integral na mostra do Masp. O artista trabalhou nela de 1931 a 1939, ano da morte de Vollard, retomando-a depois da guerra, quando já morava nos EUA. Aquareladas à mão por Chagall, essas 105 gravuras foram publicadas em 1956 por Teriade, nome artístico do crítico de arte e editor grego Stratis Eleftheriades (1889-1983).


Curador da mostra, o crítico e museólogo Fábio Magalhães destaca a série bíblica por representar uma mudança notável na linguagem artística de Chagall. "Ele havia passado por Amsterdã para estudar Rembrandt, que, como se sabe, foi um mestre na ilustração de cenas bíblicas, e aproveitou para ver as pinturas de El Greco em Toledo, que inspiraram o alongamento das figuras da série bíblica, marcada por uma verticalidade espiritual". Mais ambiciosa que sua série de águas-fortes aquareladas para as fábulas de La Fontaine, igualmente executada (nos anos 1920) a pedido de Vollard, a série bíblica representou um duplo desafio para Chagall. Primeiro, obrigou o artista a confrontar sua herança cultural e ignorar o segundo mandamento, ao criar imagens correspondentes às palavras do livro sagrado, o que é interdito pela lei mosaica. Em segundo lugar, para não tomar como referência seus contemporâneos franceses - especialmente Matisse e Rouault, este último especialista em cenas bíblicas -, Chagall foi buscar em suas raízes russas um dos elementos formadores de sua poética. São notáveis as referências aos pintores russos de ícones na série.

Já a série de ilustrações das fábulas de La Fontaine despertam menos interesse. Justificável. São quase exercícios de um neófito, ainda experimentando timidamente a incorporação das cores em águas-fortes. Produzidas entre 1926 e 1927 para Vollard, que já lhe encomendara as ilustrações para o livro Almas Mortas, de Gógol, as 23 (das 100) gravuras das fábulas provocam impacto inferior, por exemplo, ao da litografia O Cocho (1924), mais próxima de uma realidade vivida por Chagall, a de tipos feudais da antiga Rússia czarista que conheceu na infância. O Cocho e o Autorrretrato com Chapéu Enfeitado (1928) são duas das gravuras expostas no Masp que não integram suas três séries mais famosas. Elas pertencem ao acervo da Fundação José e Paulina Nemirowsky. São magníficos exemplos (em preto e branco) do universo de um artista conhecido por sua maestria cromática. Picasso, econômico em elogios, dizia dele que era o único capaz de tomar o lugar de Matisse no uso da cor.

Chagall prova isso na série dedicada ao mito grego de Dafne e Cloé. A partir dela, o artista abandona a gravura em metal e adota a litografia. Foram duas viagens à terra dos pastores apaixonados com o objetivo de conhecer melhor a cultura rural da Grécia, a primeira delas em 1952. Dois anos depois dos primeiros guaches, os gregos receberiam novamente sua visita, dessa vez para aprofundar o estudo da luz mediterrânea. Para conseguir as transparências e as variações cromáticas da série, finalmente editada por Teriade em 1961, foi necessário usar uma pedra para cada tonalidade de cor. Uma única gravura exigiu 25 pedras matrizes, ou seja, 25 impressões.

A série de Dafne e Cloé não teria sido realizada sem a intervenção do impressor Charles Sorlier (1921-1990). Chagall e ele trabalharam arduamente no estúdio parisiense de Fernand Mourlot, nos anos 1950, para resgatar o cromatismo das primeiras pinturas do artista, ainda consideradas seus melhores trabalhos, inclusive pelo curador da mostra, Fábio Magalhães. "Não teremos essas pinturas de juventude no Masp como tivemos na abertura mostra na Casa Fiat de Cultura em Minas, pois o empréstimo das telas, de museus estrangeiros como a Galeria Tretyakov de Moscou, era por tempo limitado". A exposição mineira, aberta de outubro a dezembro, apresentava quase o dobro de trabalhos. Eram 300 obras, entre pinturas, guaches, esculturas e gravuras como as da série Almas Mortas, na maior mostra de Chagall realizada no Brasil.
Em contrapartida, o Masp tem a primeira edição do livro autobiográfico Ma Vie (Minha Vida, 1931) com gravuras originais de Chagall, em que conta sua vida na Rússia e sua experiência como comissário de Belas Artes do primeiro governo socialista após a revolução de 1917, até comprar uma briga com o suprematista Malevitch e se demitir do cargo, decidindo, então, tentar a sorte em Paris. O livro, segundo Magalhães, é um marco na carreira de gravador de Chagall, que nasceu numa comunidade pobre de judeus hassídicos de Vitebsk, na Bielo-Rússia.

O Mundo Mágico de Marc Chagall - Gravuras. Masp. Av. Paulista, 1.578, tel. 3251-5644. 11 h/18 h (5.ª, 11 h/20 h; fecha 2.ª). R$ 15 (3.ª grátis). Até 28/3. Na 2.ª (25), o museu estará aberto para visitação com entrada franca - fechará na 3.ª.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

ENEIDA CORRETORA

Vida difícil essa...
Acordar lembrar onde é o Plantão...
Arrumar o sorriso e partir rumo aos curiosos...
Compradores ?
Claro que aparecem, só não avisam a hora..
As vezes adivinham o horário do nosso almoço...
mais um dia comendo sandwich...
- Não aguento mais !!!!
Mas acho que esse compensou....
Vai comprar !
E não, vai trazer a esposa...
"melhor" a mãe...
Que Maravilha !
Não tem dinheiro para o sinal ?
Imagine nas chaves...
Quem sabe o gerente aprova ...
Mas a construtura só assina...
Pode ser que abram uma exceção...
Como é bom ser corretora...
Só assim para treinar a Esperança !!!!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

PATRÍCIA MAQUIADORA

Profissão Perigosa !!!
As vezes melhorar uma imagem,
as vezes piorar...
Tem serviço para todos os gostos...
Patrícia sabia agradar...,
era versada nas mágicas das aparências...
as vezes se confundia um pouco...
de tanto criar nos outros, desaprendeu
a fronteira entre realidade e ficção...
afinal em muitas ocasiões 
ela criava a ficção feliz...

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

ERIKA DENTISTA

Erika trabalhava numa pequena cidade no interior do Estado de Santa Catarina.
Era uma cidade mito charmosa...
Todos se conheciam e Erika era a dentista preferida de todos... 
Até que um belo dia ela se adoeceu...
A cidade teria que ficar sem dor de dente até ela sarar...
Será que iria demorar ?

domingo, 24 de janeiro de 2010

VASCO MOSCOSO DE ARAGÃO

Meu companheiro e amigo Vasco Moscoso de Aragão,
Foi um prazer muito grande ter te conhecido...
Aprendi muito com a tua forma de viver...
Gostaria de ouvir mais histórias vinda de você...
Vou ficar aguardando...
Abraços

sábado, 23 de janeiro de 2010

KELLEN ALVES

"Um dia, eu perdoei meu inimigo
e fui forte...
no outro eu pedi perdão
e fui grande.
Um dia, mostrei minhas razões
e fui eloqüente...
no outro, ouvi meu próximo
e fui humano.
Um dia, lutei pela minha causa
e fui bravo..
no outro, lutei pela causa alheia
e fui gente.
Um dia, batalhei pelo que queria
e fui perseverante...
no outro, dividi o pão
e fui rico!
Um dia, recebi aplausos
e fui admirado...
no outro, fiz o bem em silêncio
e os anjos me aplaudiram.
Um dia, usei a inteligência
e fui respeitado...
no outro, usei o coração
e fui amado! "


(desconheço a autoria)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A CHAVE DO QUARTO !!!


Naquele quarto morava uma princesa, ou melhor, a amiga da Princesa....
Princesinha Luciana estava sempre viajando...
Quem morava naquele quarto, daquela casa era Giovanna Della Porta.
Filha do grande navegador Lorenzo Della Porta, aquele vocês devem lembrar, que descobriu o sexto continente junto com o Rei Luciano, pai da Princesa Luciana...
História longa de ser contada...
Será que deixarão eu contar ?
Afinal preciso de uma autorização especial em papel timbrado da Casa Real ...
Sabem como é...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

GONÇALO IVO 6/6


- Muitos artistas jovens rejeitam a pintura, preferindo as instalações e a fotografia. Jovens pintores reclamam da falta de espaço. Por outro lado, um quadro de Beatriz Milhazes foi vendido por 1 milhão de dólares. E há quem comsidere Romero Brito é o maior artista brasileiro vivo. O que determina hoje, na prática, o que será valorizado ou não na arte brasileira? Existem disputas de poder?
GONÇALO - Acho que o debate intelectual envolve sempre disputas de poder. É assim desde que o mundo é mundo. Como diria o arquiteto americano Robert Venturi, eu também estou cansado dos bons e maus rapazes na arte. Temos que ter a clareza baseada no conhecimento e na sensibilidade para separar as coisas. A minha geração retomou a pintura no final dos anos 70, como é o meu caso, e no início dos anos 80 como no caso de Beatriz Milhazes e Daniel Senise. Foi uma reação natural à frieza e ao cerebralismo da arte dos anos 70. Mas eis que me vejo hoje admirando um trabalho como o do Cildo e do Waltércio Caldas.  O mundo da arte para mim é um mundo cambiante. Em1988 adquiri uma obra (um objeto de parede em arame) de Luciano Figueiredo. De maneira intuitiva eu estava prevendo a aproximação que tenho hoje de obras aparentemente colisivas com a minha, com a de Helio Oiticica e Ligia Clark. Quase 20 anos depois estreitei amizade com Luciano Figueiredo. Comecei a me interessar pela obra do Helio e ninguém mais gabaritado que ele para me guiar. O curador e autor do livro mais recente sobre meu trabalho, Fernando Cocchiarale, sugeriu então que Luciano Figueiredo se incorporasse ao projeto. É bem verdade que há alguns anos havia uma resistência grande em relação ao meu trabalho por ele ter esta característica de pintura com uma certa marca européia apesar de todas as informações brasileiras . Não sei o que determina a valorização comercial de um artista. É claro que há atores envolvidos com interesses específicos como marchands, curadores, leiloeiros, etc. Em minha entrevista a Fernando de Franceschi no catálogo do Instituto Moreira Salles declarei que o jovem artista deveria procurar ter uma formação sólida, isto é, o conhecimento humanista, do seu ofício, dos materiais e com lidar com eles. Pintura é um processo lento, tem a ver com a vida.
- Que avaliação faz dos curadores, galeristas e marchands  brasileiros? São sérios e profissionais? Quais as principais diferenças entre o sistema da arte no Brasil e na França?
GONÇALO - No meu caso pessoal procuro relacionar-me com marchands, galeristas e curadores que se interessem por mim e tenham relação com meu trabalho. Presumo que os outros artistas procedam da mesma maneira. Completo dizendo que o mercado de arte, como todo mercado, tem as suas características específicas e inconfundíveis.
- A crítica ainda exerce algum papel relevante no Brasil? Como analisa isso?
GONÇALO - Em primeiro lugar, deve ser acentuado que o artista é ou deve ser o grande crítico de si mesmo. Minha obra é uma obra crítica. Quanto à crítica decorrente da exposição e divulgação do trabalho de qualquer artista, ela se desenvolve em vários planos com os mais vários enfoques de aplauso, aceitação ou mesmo recusa. Cabe ao artista aceitar e até respeitar a diversidade dessa recepção. Meu pai costuma citar-me o exemplo de seu amigo Guimarães Rosa. Quando saía um artigo fazendo restrições à sua obra, ele o colava no seu álbum de recortes de cabeça para baixo. Deste modo ele punia os críticos que não  aceitavam ou não  aplaudiam sua obra, que ele considerava genial. Aliás, quando Oswald de Andrade declarou que sua obra era “biscoito fino”, Guimarães Rosa costumava aconselhar ” Não faça biscoito, faça monumento”.

domingo, 17 de janeiro de 2010

GONÇALO IVO 5/6


- Qual é a sua leitura pessoal de Marcel Duchamp? Ele é o artista mais importante do séc XX?
GONÇALO - Duchamp é um artista importante, não para a visualidade do século XX. Ele aboliu o fazer, a manualidade, a afetividade do artista com os materiais de arte. Tudo o que Duchamp  fez era parte do projeto moderno. Não sei quem é o artista mais importante do século XX. Talvez possa citar agora alguns artistas que considero dos mais importantes: Leonardo, Raphael, Cézanne, Braque, Brancusi,  Edward Hopper, Cézanne, Vermer, e muitos outros. Para mim como artista nunca houve uma tal hierarquia. Acredito sim numa capacidade atemporal da arte. Costumo dizer que um tecido africano e um Ticiano têm um mesmo valor do ponto de vista estético para mim. Este é o meu olhar.
- O que pensa da idéia pós-moderna de que a História da Arte acabou, defendida pelo crítico Arthur C. Danto?
GONÇALO -  Esta tese me parece próxima à de um outro teórico, Fukuyama que previu o fim da história.  Dos vaticínios, prefiro acreditar no de Marcel Duchamp que disse em 1961 que uma grande névoa de mediocridade iria se abater sobre  a arte e que a causa estaria na submissão do artista ao mercado e ao seu sistema. Eu como ator não tenho condições de gerar um julgamento. E como todo vaticínio, há sempre um lugar para o erro e para a imprecisão. Acho que há artistas preocupados com a excelência da arte no mundo de hoje. Se eles têm oportunidade de emergir ou não, é um outro problema.
- Que artistas brasileiros contemporâneos  chamam a sua atenção, e por quê? Que comentários poderia fazer sobre as obras de Vik Muniz, Adriana Varejão, Beatriz Milhazes e Ernesto Neto?
GONÇALO - Há vários artistas contemporâneos brasileiros que têm um trabalho extraordinário. Citaria alguns nomes como Rubem Grilo, José Maria Dias da Cruz, o gravador João Atanásio, Gianguido Bonfanti, o gravador paulista Evandro Carlos Jardim A maioria destes artistas têm um grande conhecimento do seu métier. O desenhista Amador Perez, por exemplo, sempre me encantou.  Seu trabalho transcende o tempo e as escolas, aliás como a maioria destes artistas que citei acima. Gosto muito do trabalho de Ângelo Venosa, Cildo Meireles, Nelson Félix e Tunga. A lista poderia ir se estendendo… Com relação aos artistas que você citou, acho o trabalho de todos muito instigante. Em 1996, numa entrevista ao Globo, citei o trabalho do Daniel Senise como um dos pintores da minha geração que eu admirava. Ele é extremamente rigoroso. Na mesma entrevista, falava também da Beatriz, declarei que ela era das poucas artistas da minha geração que trabalhava com uma palheta de tons altos e luminosos. Isto me agrada muito. Quanto a Vik Muniz e Adriana Varejão, conheci-os em Paris. Tenho seus livros na minha biblioteca. Quanto a Ernesto Neto, é um talento inegável. Prefiro seus trabalhos grandiosos, em que ele tem a capacidade de transformar espaços em ambientes cenográficos.

sábado, 16 de janeiro de 2010

GONÇALO IVO 4/6


- Que avaliação você faz do ensino da arte no Brasil Hoje? O que mudou em relação aos seus anos de formação, para pior e para melhor? Os alunos do Parque Lage, por exemplo, conhecem Iberê Camargo, Volpi, Guignard? Existe uma conspiração de silêncio contra artistas que não derivem da matriz Helio Oiticica/Ligia Clark?
GONÇALO - Não sei se os jovens artistas estudantes do Parque Lage conhecem em profundidade Iberê Camargo, Volpi, Guignard ou mesmo Pancetti, Goeldi, Livio Abramo, Maria Leontina, Milton da Costa, Visconti, Castagneto, Batista da Costa e tantos outros. Este não é um problema circunscrito à EAV. Fui professor visitante da Escola Nacional de Belas Artes em 1986. Naquela época lecionava uma matéria que para mim soava bizarra, Pintura V. O que é isto? Um belo dia estava falando sobre pintura espanhola. Senti que só os ventiladores do verão carioca se comunicavam comigo. A totalidade dos alunos nunca havia ouvido falar em Goya, Zurbaran, Velázquez e El Greco. Evidente, este não é um problema do aluna, é um problema que passa pela escola, pelo professor despreparado, etc. Os meus professores – Sergio Campos Melo e Aluísio Carvão – sempre ensinaram de maneira profunda e humanística. Quando eu tinha 20 anos conheci o pintor José Maria Dias da Cruz. Passávamos as madrugadas conversando sobre Leonardo, Giorgioni, Raphael, Cézanne, Braque etc.  Não acredito que exista uma conspiração silenciosa contra artistas que não derivem de Helio e Ligia, mesmo porque os dois, na minha opinião são grandes artistas. O que há é um ensino voltado para o mercado e um sistema de arte que supervalorizou estes artistas.
- O mercado internacional valoriza cada vez mais artistas e obras que dispensam a técnica, o artesanato e até mesmo a mão do artista. Penso, por exemplo, em Jeff Koons e Damien Hirst. Como você analisa esse fenômeno?
GONÇALO – Precisamos diferenciar conceito de preço e valor, de mercado especulativo e de algo que seja realmente importante para a cultura. Vivemos num mundo complexo onde há espaço para tudo. Prefiro lutar a favor de obras  de artistas brasileiros que na minha opinião ainda não foram devidamente reconhecidas como as de Maria Leontina, Dionísio del Santo, Abelardo Zaluar, José Maria Dias da Cruz, Ubi Bava, Yolanda Mohaly entre outros. Há também por parte de todos um grande desconhecimento sobre a arte brasileira do final do séc XIX e começo do XX. A arte contemporânea não pode sobreviver sem se nutrir de mestres como Visconti, Castagneto, Batista da Costa, Ana Vasco, Belmiro de Almeida, Antônio Parreiras, Oswaldo Teixeira e tantos outros.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

JUIZO FINAL - MICHELANGELO


Indescritível !!!!
Pensemos num afresco medindo 13,7 metros por 12.2 metros.
Fundamental para quem gosta de Arte

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

GONÇALO IVO 3/6


- Com que artistas da tradição moderna e do presente você estabelece diálogos relevantes em sua arte? Em que sentido?
GONÇALO - Roberto Pontual, em um belíssimo texto de 1989 a respeito do meu trabalho, declarava que via em mim um artista que tinha fome de fontes. Vários artistas me marcaram. Modernos, antigos e contemporâneos. Ainda me sinto apto a grandes descobertas. Há um ano travei contato com a obra de Sheila Hicks, artista americana que faz tapeçarias.  Meu trabalho dialoga  com um grande espectro  de influências e marcas . Às vezes são marcas evidentes, outras, subliminares. Você pode olhar Cézanne, Braque, Klee, Volpi, Mondrian e muitos outros em minha pintura. Todas estas escolhas são afetivas. Ao mesmo tempo não faço distinções de valor entre um Cézanne,  Ticiano com um tecido africano. Cada um tem seu lugar.
- Diferentemente de muitos artistas de sua geração, você se manteve fiel à pintura e ficou imune à influência da arte conceitual. Que análise você faz do impacto do conceitualismo na arte contemporânea brasileira nas últimas décadas?
GONÇALO - Minha resposta pode surpreender a você e a vários leitores. Minha produção pictórica não ficou completamente imune à arte conceitual. Há vários artistas que me interessam profundamente. Simplesmente eles não aparecem de forma evidente em meu trabalho. Como todos sabem a arte conceitual tem sua origem na pintura. Simplesmente não abdiquei de pintar. Costumo dizer que sou um animal pictórico. Artistas como Beuys, Duchamp, Kounellis, Cildo Meireles, Tunga etc, me interessam. Dialogo com eles num plano poético. Em 1987 produzi uma série de pinturas em homenagem ao artista alemão Joseph Beuys. Não estou imune a nada. Acredito na evidencia da diversidade da criação artística. No meu caso tenho a impressão que sou uma exceção. As manifestações artísticas externas ao meu repertório nunca me anularam ou me impuseram dilemas. Há má  e boa arte conceitual. O mesmo para pintura, gravura, escultura, etc. Aprecio profundamente o trabalho de land  art  de Robert Smithson e a escultura de Richard Serra.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A CHAVE !!!!!


Talvez durante muito tempo uma peça fundamental. As vezes precisamos dela para abrir portas, as vezes para fecha-las. 
Ter a chave para alguns significa Poder, para outros simplesmente Nada !
Imaginemos um Chaveiro com suas mil combinações... 
Lembrem-se da famosa Chave-Mestre...
Um Cofre de um Banco....  
e apenas uma chave para acabar com mil segredos...
Pensemos em uma chave perdida no chão...
e por fim pensemos em pessoas chaves em nossas Vidas !!!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

GONÇALO IVO 2/6


- Você mora em Paris desde 2000. Por que tomou essa decisão? Qual é sua interação com o mundo parisiense da arte, hoje?
GONÇALO - Falando novamente em acaso, moro em Paris por  força do destino. Nunca pensei em estar longe do meu ateliê de Teresópolis. Há 20 anos um amigo jogou o I Ching para mim . O oráculo dizia: No futuro você vai morar muito longe do lugar onde você nasceu. Como numa narrativa do Jung , num texto de Thomas Mann ou numa  pequena aquarela de Paul Klee, fui transportado a uma realidade que hoje é meu mundo real. Este ir e vir de lugares distantes, diferentes, só fez enriquecer meu olhar de artista. Gostaria de estar mais no Brasil no meio da floresta de Mata Atlântica onde se incrusta meu ateliê com os meus vira-latas. Este é meu modelo de felicidade. A França para mim é o grande museu, como diria Cézanne a respeito do Louvre . Não estou na França por ser um artista contemporâneo. Meu amigo, o crítico e curador Paulo Herkenhoff , que foi o patrono da minha exposição no Museu Nacional de Belas Artes me fez a mesma pergunta, porque estou em Paris e não em Nova York ou Londres. Não saber responder a essas questões é também uma resposta. Não vivo exclusivamente do lado da razão, basta olhar o meu trabalho. O artista, na minha opinião, é aquele que faz a passagem do aqui para o “au delà”. Não peça ao artista o que você pode pedir ao filósofo ou ao cientista. São disciplinas diferentes.
- Suas telas são marcadas por uma pesquisa cromática cada vez mais rigorosa. Quais são as questões e desafios que a cor ainda coloca para você?  O que exatamente te move e te motiva diante da tela em branco? E diante de um objeto a ser criado?
GONÇALO - Pode parecer estranho ao público ou a quem olha o meu trabalho ao longo dos anos, mas francamente, a cor não é o único cerne do meu trabalho. Não há nada de intencional da minha parte de uma pesquisa mais dirigida em relação às possibilidades da cor (croma, intensidades, cor adjetiva, cor substantiva, teorias cromáticas dos séculos XIX e XX, nada disso pouco ou nada me interessa). Voltando à intuição, sou guiado pela luz de um farol interior. É claro que sou um artista conhecedor de tudo ou quase tudo que me precedeu. Mas não faço parte da corrente que acredita num Darwinismo em arte. Ainda menino, vi chegar em casa  na coleção de meus pais três têmperas de Alfredo Volpi. Naquele momento sabia que estava diante de algo singular: a fatura, a rudeza da execução e o comentário mais sutil ainda que só tenha descoberto com os anos da experiência: a relação da obra de Volpi com Giotto, Piero de La Francesca, Paulo Ucello e grande parte da arte minóica, africana e etc.  É evidente que a cor para mim é algo importante. Utilizei um comentário de Paul Klee para definir o meu estado de ser artista: ” A cor me possui. Não preciso ir atrás dela. Ela me possui para sempre, eu sei. É esse o significado dessa hora feliz: a cor e eu somos um. Sou pintor.” Com relação à segunda parte da sua pergunta, estou sempre com as mãos em atividade. Com as mãos e o pensamento em atividade. Várias coisas me movem. Pode ser uma pintura, um tecido africano, asiático ou  uma colcha de retalhos mineira e é claro, há também, acredito, uma grande parcela do que chamo do eu mesmo, algo insondável, inexplicável que não passa pela história da arte e pelo conhecimento. Continuo acreditando que qualquer artista é ele e o outro. O artista fala por ele mas sua voz fala também pelo outro, pelo anônimo, pelo que não tem voz. Quando estou diante da tela em branco, não racionalizo, simplesmente vou em frente. Tem sido assim toda a minha vida.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

GONÇALO IVO 1/6

Tenho insistido no processo de conhecimento desse artista arteiro artesão...
Nessa semana publico partes da entrevista concedida a Luciano Trigo.



Nascido em 1958 no Rio de Janeiro, filho do poeta Lêdo Ivo e da professora Maria Leda, desde a infância Gonçalo Ivo visitou com assiduidade ateliês de artistas como Abelardo Zaluar, Augusto Rodrigues, Emeric Marcier e Iberê Camargo. Em 1976 frequentou cursos de pintura, com Sérgio Campos Mello, e de desenho, com Aloísio Carvão, no Museu de Arte Moderna. Formando-se em Arquitetura em 1983, trabalhou como ilustrador e programador visual para editoras de livros, no Brasil e nos Estados Unidos. No ano seguinte, participou da antológica exposição “Como vai você, Geração 80?”, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, e em 1985 montou um ateliê no bairro de Santa Teresa. Em 1988 instalou um novo ateliê, em Teresópolis. Desde então expôs sua obra em diversas galerias no Brasil e no exterior. Em 2000, dando continuidade à sua carreira internacional, radicou-se em Paris com sua família, alternando desde então períodos de trabalho na França e no Brasil. Em 2008, foi lançado o livro Gonçalo Ivo (Edições Pinakotheke, 400 pgs. R$140), com organização de Max Perlingeiro e texto de Fernando Cocchiarele, apresentando uma súmula da trajetória do artista. Esta conversa com Gonçalo Ivo inaugura uma série de entrevistas com artistas plásticos brasileiros.
- Francis Bacon falava de uma combinação entre intenção e surpresa em cada quadro que pintava. Qual é a participação do acaso na sua atividade artística, se é que existe alguma? Fale sobre seu processo criativo.
GONÇALO IVO – Não conheço obra sem acaso. Ele é parte constitutiva assim como tudo que penso. Meu trabalho como artista é essencialmente, no que tange a execução, um trabalho de ateliê. Sempre disse que a intuição é parte preponderante naquilo que produzo plasticamente. Se você me perguntar o que é intuição, talvez não consiga responder, pois arte para mim tem que ser um terreno sempre novo, sempre viçoso.

sábado, 9 de janeiro de 2010

HORÁCIO QUIROGA (1878-1937)



DECÁLOGO DO CONTISTA


V- Não comece a escrever sem saber aonde ir. Em um bom conto, as três primeiras linhas têm quase a mesma importância que as três ùltimas.


VI- Se quiseres expressar com exatidão esse fato: " Um vento frio soprava do rio", não há na linguagem humana palavras mais exatas que essas. Seja dono de suas palavras, sem te preocupares com suas dissonâncias.


VII- Não adjetive sem necessidade. Inúteis serão as camadas de coradicionadas a um substantivo fraco. Se fizeres o que for preciso, ele terá, por si só, um colorido incomparável. Mas terás que buscá-lo.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

HORÁCIO QUIROGA (1878-1937)



DECÁLOGO DO CONTISTA


I- Creia em um mestre - Poe, Maupassant, Kipling, Tchekhov - como em Deus.


II- Creia que sua arte é uma montanha inacessível. Não sonhe em dominá-la. Quando puderes fazê-lo, só tu saberás.


III- Resista o quanto puderes à imitação, mas imite se a tentação for muito forte. Mais que qualquer coisa, o desenvolvimento da pessonalidade exige paciência.


IV- Tenha fé cega não na sua capacidade para o triunfo, mas no ardor com que o desejas. Ame a sua arte como a sua mulher, dando-lhe seu coração.





quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

ACORDAR

Vamos vivendo...
Vamos tocando...
Com objetivos ...
as vezes pré-determinados... 
as vezes determinados...
as vezes terminados...
as vezes minados...
as vezes mil nados...
as vezes a dos...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

GOETHE - DAS MÄRCHEN

Dois pássaros tomam parte no conto : o primeiro acompanha o canto de Lilie com modulações tocantes; é um simples canário que pousa na harpa sem nunca tocar sua dona, já que esse contato é mortal.
O segundo é um gavião que fendendo o ar acima do primeiro, sem querer causa uma catástrofe; o canário, apavorado, refugia-se no colo de Lilie e morre instantaneamente.
Há uma oposição manif esta entre os dois: tímido, carinhoso, sentimental, o primeiro apela para a infeliz moça, que personifica as aspirações mais elevadas da alma; feroz, audacioso, cruel, o outro se torna companheiro da desgraça do Príncipe desesperado por não poder realizar o seu ideal.


pagina 91, do livro : 
" O conto da serpente verde e da linda Lilie " 
ISBN 85-87731876

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

VIVI

Voltando de férias...
Esse é o Trecentésimo Post...
Não é pouco para quem começou lentamente...
Blogando aprendi que todos os Post do melhor ao pior...
Todos duram 24 horas...
Talvez alguns perdurem mais...
Obviamente depende :
90 por cento do Leitor !!!
10 por cento do Autor !!!
Hoje são 24 seguidores...
O que me faz muito feliz.
Espero estar contribuindo para a Felicidade !!!
Agradeço aqui a todos e em especial a você meu Leitor !!!