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sábado, 3 de outubro de 2015

Derek Walcott pelo Embaixador Sergio Couri





PALAVRAS DE SUA EXCELÊNCIA O SENHOR SERGIO COURI, EMBAIXADOR DO BRASIL, NA CERIMÔNIA DE ADMISSÃO DE DEREK WALCOTT COMO MEMBRO HONORÁRIO DA ACADEMIA DE LETRAS DE BRASÍLIA

 

Excelentíssima Senhora Dame Calliopa Pearlette Louisy, Governadora-Geral de Santa Lúcia,

Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Robert Rivas, Arcebispo de Castries,

Excelentíssimo Senhor  Lorne Theophilus, Ministro do Turismo, Patrimônio e Indústrias Criativas, 

Excelentíssimos Senhores Embaixadores do México, França, Argentina, Marrocos, Cuba e Representante Permanente do Instituto Inter-Americano de Cooperação para a Agricultura,

Senhor Encarregado de Negócios da Espanha e Representante das Embaixadas da Venezuela e do Alto Comissariado do Reino Unido,

Senhora  Alison King, Prefeita de Gros Islet,

Acadêmico Marco Coiatelli,

Senhoras e Senhores,

       Meu caro Derek,

 

       Minha esposa e eu nos sentimos muito honrados em ter você e Sigrid nesta Embaixada para introduzi-lo como Membro da Academia de Letras de Braasília, na qual eu ocupo a cadeira no. 40, patroneada por Vinicius de Moraes, Poeta e compositor brasileiro, músicas de quem estamos agora ouvindo pelo violão de Wagner Trindade.

2.    A Academia de Letras de Brasília é uma instituiçào cultural inaugurada em março de 1982 e sediada na capital federal do Brasil. Compõe-se de 48 membros, efetivos e permanentes. O propósito da Academia é a promoção da cultura  da língua portuguesa e da literatura brasileira; a proteção e conservação do patrimônio histórico e cultural; estudos, pesquisas e programas com vistas a seu desenvolvimento. Seu atual Presidente é o acadêmico José Carlos Gentili.

3.Brasília, o ambiente da Academia, construída no meio do nada, rompeu sua imagem isolada ao conquistar espaços na litteratura e na música Brasileira e universal. Em 1960, quando se tornou a capital, viver ali era uma aventra extrema. Hoje, pode-se dizer que Brasília tem um nicho na admiração e afeto dos brasileiros e do mundo, a julgar do testemunho de André Malraux, por exemplo, e de muitas personalidades que a visitaram e compreenderam o sentido histórico daquele imponente legado do Presidente Juscelino Kubitschek. Brasília, além de ser a capital do Brasil, e, assim, o cérebro das mais altas decisões nacionais”, hoje com uma população de três milhòes, é a terceira maior cidade do País, atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro. É conhecida sobretudo pela arquitetura moderna de Oscar Niemeyer, o planejamento urbano de Lucio Costa e as paisagens de Burle Marx. É também conhecida por seu significado para a integração nacional e como plasma da cidadania brasileira.

 

                  Senhoras e Senhores,

 

4.Como sabemos todos, Derek Alton Walcott, ganhador do  Prêmio Nobel de Lireratura de 1992, ergueu-se de suas origens para tomar posse de ricaherança cultural. “ A progenitura da Ásia, África, Europa e América juntaram-se em seu trabalho – afirmou Robewrt Hanner em “Percepções Críticas de Derek Walcott” – na medida em que povoaram suas nativas ilhs caribenhas; sua poesia e peças teatrais registram suas lutas para superar as ironias de suas vidas, para estabelecer sua ‘identidade de  novo mundo’ “.

5.      Muito do trabalho de Walcott procura alcançar um inatingível paraíso  de utopia que encontra paralelo físico no Caribe de sua infância. Temas recorrentes de perda, sobrevivência  e lembrança estão presentes em “Sea Cranes”, uma tentativa de ressuscitar os mortos através da memória, que pode ser forte e duradoura o suficiente  para possuir o racional “brilho da pedra”. Seu desejo é manter a fé na realidade, reconstruir o passado e seu povo “como eles eram,/ com seus erros e tudo o mais”. Nos versos de Derek:

 

“Only in a world where there are cranes and horses

(…) ‘can poetry survive.’

Or adept goats on crags. Epic

follows the plow, meter the ring of anvil;

prophecy divines the figuration of storks, and awe

the arc of the stallion’s neck.

 

The flame has left the charred wick of the cypress;

the light will catch these islands in their turn.

 

Magnificent frigates inaugurate the dusk

that flashes through the whisking tails of horses,

The stony fields they graze.

From the hammered anvil of the promontory

The spray settles in stars.

 

Generous ocean, turn the wanderer

From his salt sheets, the prodigal

drawn to the deep troughs of the swine-black porpoise.

 

Wrench his heart’s wheel and set his forehead here.”

 

6.Em “Floresta da Europa”, Derek escreveu, sobre a poesia e sobre a  missão do poeta: 

………………………………………………..

there is no harder prison than writing verse,

what’s poetry, if it is worth its salt,

but a phrase men can pass from hand to mouth?

 

From hand to mouth, across the centuries,

the bread that lasts when systems have decayed,

when, in his forest of barbed-wire branches,

a prisoner circles, chewing the one phrase

whose music  will last longer than the leaves,

……………………………………………………..

 

                   Meu caro Derek,

 

7.   Contribuindo tão altamente para a literatura, você altamente contribuiu para a crença na inspiração, como fluido cesleste que unge o espírito, na intuição, como tesouro anímico  extra-sensorial; na comunhão das emoções, que provam a existência, na redenção da vida pelo sentimento, que articula os seres; na ressurreição dos Tempos pela expressão, que torna verdadeiro o inverossímil e sacraliza a verdade. E na vida eterna da palavra,  palavra precisa e vaga, alucinada e pirotécnica, saltimbanca e caleidoscópica, que desfere arabescos no ar e soleniza inspiração, intuição, emoção, sentimento, expressão, amen!

                  Senhoras e Senhores,

8. Pela graça de nossa autoestima, vamos “amar depois do amor”:

 

                           “The time will come 

when, with elation, 

you will greet yourself arriving 

at your own door,  in your own mirror,

and each will smile at the other’s welcome,

 

                             and say sit here. Eat. 

                             You will love again the stranger who was your self.

                             Give wine. Give bread. Give back your heart 

                             to itself, to the stranger who has loved you

                             all your life, whom you ignored 

for another, who knows you by heart. 

Take down the love- letters from the bookshelf

 

the photographs, the desperate notes, 

peel your own image from the mirror. 

Sit. Feast on your life.”

 

9.    E, “sessenta anos depois”, recordemos também:

 

                          “In my wheelchair in the Virgin lounge at Vieuxfort,

                           I saw, sitting in her own wheelchair, her beauty

                           hunched like a crumpled flower, the one whom I thought

                           as the fire of my young life would do her duty

                           to be golden and beautiful and young forever

even as I aged. She was treble-chinned, old, her devastating                      

smile was netted in wrinkles, but I felt the fever

briefly returning as we sat there, crippled, hating

time and the lie of general pleasantries.

Small waves still break against the small stone pier

where a boatman left me in the orange peace

of dusk, a half-century ago, maybe happier

      being erect, she like  a deer in her shyness, I stalking

an impossible consummation; those who knew us

knew we would never be together, at least, not walking.

Now the silent knives from the intercom went through us.”

 

10. Em nome da Academia de Letras de Brasília, em humilde mas sincera homenagem, a primeira do gênero para a Academia, gostaria de pedir ao Acadêmico Marcos Coiatelli, que excele em contos infantis e veio a santa Lúcia especialmente para esta cerimônia, para fazer-lhe entrega do diploma de Membro Honorário e impor-lhe a correspondentecomenda.

                                                           (Pausa.)

11. Isso feito, eu gostaria de encerrar estas palavras, Dame Pearlette, com as mesmas que pronunciei na cerimônia em que entreguei minhas credenciais no ano passado na Residencial Oficial da Governadora –Geral: 

 

“(...) permitam-me expressar minha extrema admiração pela conquista por Santa Lúcia de dois Prêmios Nobel (...)

         É uma proeza cantada pela brisa em todos os quadrantes da Terra, celebrada pelas Hespérides em seu Jardim único e projetada pela luz das estrelas em todas as galáxias do Universo! 

         Possa o sopro criativo de ambos osvencedores inspirar o seguimento das relações entre Santa Lúcia e o Brasil.”

 

12.  Proponho um brinde em honra de Derek Walcott, o Filho de Santa Lúcia, o Menestrel do Caribe, o Laureado Nobel, e em honra da amizade e cooperação entre Santa Lúcia e o Brasil.”

 

                                                             Cap Estate, em 26 de setembro de 2015.

 

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